quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

O emocionante relato da professora Nívea sobre as etapas para alcançar o sucesso

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Nívea Leandra da Silva é formada em Letras e professora do CIEP 055 – João Gregório Galindo, em Angra dos Reis. Ela nos enviou por e-mail um belo texto falando sobre os desafios para conseguir alcançar o sucesso na Olimpíada de Língua Portuguesa, onde ela e a aluna Raiane de Castro Oliveira já passaram por diversas etapas e estão na grande final, entre os 38 melhores do país. Ficamos muito emocionados com o relato da professora Nívea e estaremos na torcida na última etapa no dia 17/12. Confira abaixo o texto completo.

Etapas para o Sucesso

Sou professora há muitos anos, trabalhando efetivamente tanto em Minas Gerais, onde comecei, e Rio de Janeiro, onde estou até hoje. Minha formação é Letras, Línguas Inglesa e Portuguesa e Literaturas. Já me encaminhei para outros campos, cheguei até a fazer eletrotécnica, mas a veia do magistério pulsa mais forte, e mais ainda pela Língua Portuguesa, que fiz também a pós-graduação. Penso que optei por ela por se tratar de uma disciplina que nos dá a oportunidade de resgatar muitos de nossos estudantes. É a língua mãe, portanto, só nos pode fazer o bem.

A qualidade da escrita e do ensino de nossas crianças deixa-me muito apreensiva, e eu não posso deixar de me sentir responsável por essa situação; a cada ano letivo, as percebo com cada vez menos interesse, e com mais dificuldade de desenvolver um texto com coesão e coerência.

A semente da Olimpíada de Língua Portuguesa foi plantada em mim em 2010, quando minha tia Argélia Peixoto, também professora de Língua Portuguesa efetiva de Minas Gerais, e sua aluna, ficaram entre os 125 selecionados em Memórias Literárias. Comecei a me interessar, mas não me aprofundei a ponto de competir em 2012, mesmo com o incentivo de tia Argélia, novamente. E para minha absoluta surpresa, mais uma vez ela e sua aluna foram selecionadas e ficaram em 1º lugar na categoria Poemas. Foi então que prometi que em 2014 seríamos eu e um aluno a competir com ela. E a semente brotou!

No início do ano letivo de 2014, quando recebi minhas turmas do CIEP 055 – João Gregório Galindo, colégio que leciono há 12 anos, a primeira coisa que pensei foi em incentivá-los, trabalharia com as turmas de 8º e 9º ano do turno noturno e a categoria seria Memórias Literárias. Foi um trabalho árduo, difícil, devido ao público alvo. O turno noturno é diferenciado, é mais frágil, são pessoas que trabalham, repetentes na maioria das vezes, e infelizmente, pelas adversidades da vida, desacreditados. Mas eu não desisti. Desde a primeira aula, apresentei o projeto, citei o exemplo da Argélia, e disse com todas as letras para eles “Nós vamos ganhar!”, e para minha decepção ouvi de uma aluna: “Não se iluda, professora, não vamos conseguir.” Aquilo foi um tapa na minha cara e ao mesmo tempo um pedido de socorro. Eu teria que fazer aquela menina mudar de ideia.

Dei início aos trabalhos, pedi que fizessem relatos de suas experiências, que entrevistassem pessoas da família e que se aprofundassem em informações sobre o lugar em que vivemos, pois era o tema da nossa redação. Expliquei que teríamos que escrever memórias, seria como se transcrevêssemos um diário. E deu certo! Várias redações apareceram, umas mais simples, outras mais elaboradas, umas copiadas, tratando de todo tipo de situação que casa cidade apresenta, e que no caso de Angra dos Reis, são as águas. Estava escolhido o tema.

O interessante foi que com esse trabalho, percebi que meus alunos ficaram mais próximos de sua família, pois recorreram aos pais, avós, tios para as entrevistas. Muitos nem se lembravam quando tinham conversado por tanto tempo com seus familiares daquela forma. Outros que não sabiam que Angra tinha tanta história. Foi emocionante!

Com os textos em mãos fiz algumas correções necessárias e dei umas dicas para que ficassem mais aprimorados, enfeitados, suaves. Assim, a próxima etapa seria digitá-los no site da OLP. A sorte estava lançada! E com muita emoção recebi o primeiro e-mail em 12 de setembro comunicando nossa classificação para a etapa estadual com o texto “Águas Vivas” de Raiane Castro de Oliveira, aluna de 16 anos, da turma 805 do turno noturno, quanta alegria! Afinal estávamos entre melhores textos do estado.

Daí a expectativa aumentou, pois agora a concorrência seria a região Sudeste, e se passássemos iríamos dar mais um passo. E no dia 09 de outubro chegou o nosso “passaporte” para Maceió. Éramos um dos 125 do país!

A maior surpresa para mim foi naquela terra linda de Alagoas, nas oficinas, em que eu e Raiane ficamos completamente separadas, confesso que fiquei com certo receio, pois enquanto estávamos dentro de sala de aula eu podia auxiliar, corrigir, direcionar as ideias dos alunos e em Maceió ela teria que “andar com as próprias pernas”, teria que produzir um texto de memórias sozinha que nos classificaria para a próxima e última etapa: o ouro!

E ela me surpreendeu! Raiane ouviu o relato da professora Maria das Dores de Oliveira, a Maria Pankararu, a primeira índia a fazer doutorado numa universidade brasileira e reproduziu suas memórias.

E hoje estamos aqui, ansiosos pela última fase, dia 17 de dezembro, em Brasília, entre os 38 melhores do país! Sinto somente por não ter sido a menina que estava desacreditada, mas foi uma colega de classe dela, e isso a motivou a dizer que em 2016 será ela. Estou torcendo por isso!

O que tirei de lição é que temos tantos alunos capazes! Pessoas que somente não estão enxergando lá na frente a almejada “medalha de ouro” como a Raiane está vendo. O que falta é motivação e essa é minha meta para os próximos anos, pois TODOS, sem exceção, são capazes! E antes de pedirmos uma redação, um texto, um relato, devemos ensinar como se faz e nada é melhor do que seguir etapas, como o que é sugerido no material da OLP. Vou continuar usando e em breve teremos mais e mais resultados positivos.

Professora Nívea Leandra da Silva